Na madrugada de 27 de junho, em Jaciara (MT), o ex-namorado de Andreia Ferreira de Souza a esfaqueou dentro de casa no Bairro Leblon. Apesar de ter sido socorrida e levada ao Hospital Municipal, ela não resistiu aos ferimentos, em mais um crime motivado por ciúme que exige atenção urgente ao feminicídio doméstico.
A Polícia Civil de Jaciara, com apoio da Delegacia de Alto Araguaia, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar, iniciou investigações com auxílio de imagens de câmeras de segurança e depoimentos, inclusive do filho da vítima. Por volta das 16h, o suspeito, de 47 anos, foi localizado e preso na BR‑364, entre Alto Garças e Alto Araguaia.
Segundo o delegado José Ramon Leite, o autor confessou que agiu por ciúmes ao ver Andreia acompanhada de outro homem. Esse homem também foi ferido, mas os golpes foram leves e dispensou atendimento médico. O suspeito será interrogado pela delegada Michele Castro Reis, à frente do Núcleo de Defesa da Mulher em Jaciara.
Este crime reforça padrões recorrentes no Brasil: o feminicídio persiste como uma das principais formas de violência contra mulheres, especialmente motivada por emoções possessivas. Apesar de tipificado desde 2015, os casos continuam a ocorrer dentro de relações sentimentais.
Com leis mais firmes e campanhas públicas, muito ainda precisa ser feito na prevenção. Muitos casos, como o de Andreia, não são antecedidos por denúncias ou pedidos de medidas protetivas, mantendo o ciclo de violência invisível até seu desfecho trágico.
ESTATÍSTICAS
De acordo com dados oficiais, o Brasil encerrou o ano de 2024 com 1.450 casos de feminicídio registrados em todo o território nacional. A morte de Andreia se soma a um cenário que assusta. Somente em Mato Grosso, 47 mulheres perderam a vida por motivação passional, a maioria assassinada dentro de casa. Quarenta e uma dessas vítimas eram mães, deixando ao menos 89 crianças órfãs. O panorama não melhorou em 2025. Entre janeiro e junho de 2025, o estado já registrou 26 novos feminicídios — uma média de mais de um caso por semana —, demonstrando que a tragédia de Andreia não é isolada, mas parte de um ciclo de violência que ainda persiste apesar das leis e das campanhas de conscientização ao combate ao feminicídio.