Com foco em Mato Grosso, congresso aponta ações integradas contra tráfico, caos ambiental e facções criminosas, documento será entregue ao Governo Federal.
Dr. Jota Moreira
Nos dias 17 e 18 de setembro de 2025, no Teatro Zulmira Canavarros, em Cuiabá, lideranças governamentais, representantes do sistema judiciário, forças de segurança e especialistas nacionais participaram do 1º Congresso Internacional de Segurança de Fronteira do Brasil, promovido pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) por iniciativa dos deputados Elizeu Nascimento (PL-MT) e Eyder Brasil (PL-RO). O encontro teve por meta definir estratégias para enfrentar a criminalidade transfronteiriça — tráfico de drogas e pessoas, crimes ambientais, domínio territorial de facções — fortalecendo mecanismos de controle e fiscalização, e resultará num documento oficial que será enviado ao Governo Federal como subsídio para formulação de políticas públicas eficazes.
Estiveram presentes o senador Wellington Fagundes, os deputados Coronel Assis e Alberto Fraga, a juíza Selma Arruda, além de integrantes do Gefron (Mato Grosso e Acre) e do DOF de Mato Grosso do Sul, reforçando que a articulação transcende limites estaduais e merece coordenação interestadual e federal.

O encontro teve por meta definir estratégias para enfrentar a criminalidade transfronteiriça
Debates ressaltaram desafios complexos: o fenômeno do “Novo Cangaço”, a vulnerabilidade de populações tradicionais fronteiriças, a evasão de divisas e a interseção entre tráfico, uso indevido de recursos naturais e crimes ambientais. Discutiu-se também o papel das Assembleias Legislativas no controle social e no apoio legislativo, bem como os métodos de cooperação eficaz entre forças de segurança locais, federais e internacionais.
O documento proposto contempla medidas como estabelecimento de protocolos integrados de inteligência e ação, ampliação de presença operacional nas fronteiras, incremento de recursos tecnológicos de monitoramento ambiental e segurança, e fortalecimento regulatório e de fiscalização ambiental com participação comunitária. Estima-se que tais ações exijam alocação orçamentária e convênios federais, bem como legislação complementar para assegurar sua implementação homogênea.
Fontes ouvidas durante o congresso destacam que, mesmo com boa vontade política, há obstáculos significativos: burocracia, sobreposição de competências federais e estaduais, ausência de continuidade institucional além de mandatos legislativos, além da necessidade de assegurar recursos estáveis para tecnologia, pessoal e inteligência investigativa.
Estatísticas oficiais tornam claro o desafio: no Mapa da Segurança Pública de 2025, Mato Grosso aparece como segundo estado com maior apreensão de cocaína em 2024, com 23,6 toneladas retiradas de circulação — 3,8 toneladas a mais que em 2023. Junto com as apreensões de maconha, que somaram 17,6 toneladas, o volume total de entorpecentes apreendidos superou 41 toneladas, causando um prejuízo estimado de R$ 554 milhões às facções criminosas.